sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Onda

"A Onda" é uma metáfora que se aplica, mais ou menos, a qualquer movimento de massa respondente aos apelos de um líder carismático ou de uma causa mítica irracional!



"Nunca faria isso de novo, coloquei os alunos em perigo"

Até que ponto apenas um homem ou um pequeno grupo se mantém no poder se não tiver o aval alienado da população?



Seria possível um regime como o nazista emergir hoje, no Brasil ou em qualquer outro país democrático?


Para provar que sim, um jovem professor americano usou como cobaia um grupo de adolescentes, em um experimento que quase acabou em tragédia, nos anos 60 -e é repetido no filme "A Onda", que transporta o projeto para a Alemanha atual.
O original aconteceu em Palo Alto, Califórnia, 1967. Em uma aula de história, um estudante questionou a responsabilidade do povo alemão pelas ações do Terceiro Reich. O professor fez uma pequena simulação para que os estudantes entendessem o que é ter que seguir as instruções de um líder.
No início, ensinou postura, respiração correta, respeito. No dia seguinte, somou-se à disciplina a noção de grupo.
O mestre deu à classe um nome -A Terceira Onda. Mais tarde, um slogan, uma saudação, um cartão de "sócio" e até uma "polícia" de estudantes para vigiar as ações uns dos outros. Chegou a fazê-los acreditar que A Onda extrapolava a sala de aula, era um movimento que iria dominar o país.
"Para mim, como professor, era muito gratificante ver a maior parte dos alunos se envolvendo, tomando as rédeas. Eles saíam para entregar panfletos, agregar nomes. E aí isso explodiu", conta Ron Jones, 68, à Folha, por telefone.
Em cinco dias, o número de membros na classe dobrou -de 25 para 50. Fora de lá, o movimento chegou a reunir mais de 300 adolescentes, segundo Jones, e a silenciar vozes dissidentes, à força.
"Uma criança perdeu a mão construindo explosivos. Era uma criança perdida, perigosa." Foi aí que o professor percebeu que havia ido longe demais. Para decepção geral, fez um discurso no qual revelou a farsa e apelou por bom senso.

O filme
Quarenta anos depois, Ron Jones cedeu os direitos de sua história, que já havia virado livro e média-metragem para TV (1981), a Dennis Gansel, 35. Muitos quiseram fazer a adaptação para cinema antes, diz Jones. A diferença é que Gansel prometeu transportar a história para a Alemanha atual.
Foi o que fez. Diante de alunos que não aguentam mais ouvir falar de Hitler, o professor de "A Onda", interpretado pelo carismático Jürgen Vogel, retoma o projeto com fidelidade.
Pequenas alterações atualizaram o conto. Além dos panfletos, o grupo agora tem uma página no MySpace. O professor, que vivia em "uma casa na árvore e fumava maconha", mora em um barco e é fã dos Ramones. O desfecho da história, ainda mais violento que o original, também foi uma tentativa de acompanhar os novos tempos, diz o diretor, neto de um soldado de Hitler e filho de militantes de esquerda.
Para Ron Jones, "o filme é muito fiel, capturou a dinâmica da sala, a relação dele com a mulher, que passa por uma crise [o casamento dura até hoje, diga-se], e a maneira como os estudantes interagiam". "[A Terceira Onda] Era algo que se expandia muito rapidamente. Era como estar em meio a uma explosão de energia."
Dois anos depois da "explosão", o americano foi demitido e proibido de lecionar em escolas públicas. Hoje, ensina poesia a deficientes mentais, escreve e ministra palestras.
"Nunca faria isso de novo. Coloquei os alunos em perigo. Esse tipo de experimento é útil para mostrar quão facilmente nos tornamos vítimas desse tipo de coisa."

Cristina Fibe, Folha

5 comentários:

  1. Se o homem não tiver aliados no poder, ou pessoas que concordem com o seu ponto de vista, ele dificilmente permanecerá no seu poderio, já que no meio de uma sociedade, se 100% da população não concordar com você, o tachado de louco será você.
    "É justo que o que é justo seja seguido", todos precisam de um líder para melhor conduzir algo.
    "A justiça sem força impotente, a força sem a justiça é tirânica". Hoje em dia as pessoas têm visões diferentes sobre a democracia e a ditadura, sendo possível um novo regime como o nazista emergir hoje no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, já que (ainda) existem pessoas que acreditam que a ditadura funcionaria melhor.

    Daniela e Karina - 3ºEM.

    ResponderExcluir
  2. Jéssica, Franciele 3ºE.M
    Patricia 2ºE.M Patricia 1ºE.M
    Mônica 8ªE.F

    1.Se baseando no filme, a ação do professor de tomar uma decisão sem pensar e acabar fujindo do controle, fez com que os aluno criassem uma nova ditadura e se não abrissem os olhos do professor essa ditadura iria continuar anos e anos...

    2.Talvez, pois se no mundo existisse uma pessoa ou um grupo que soubesse persoadir uma população, com certeza iria ter uma ditadura, mais podem ter pessoas que não querem que no mundo tenha uma ditadura.

    ResponderExcluir
  3. 1) Só conseguirá permanecer no poder se o povo estiver "alienado", mas caso o povo consiga "abrir sua mente" o poder cairá.

    2) Seria possível caso houvesse um líder com atitudes justas, organizadas e acima de tudo com poder.

    3) Não hà como fazer justiça sem poder, isso se tornou praticamente uma regra, pois sem poder ninguem respeitaria a justiça.

    Bruno, Caio, Lucas N, Lucas T, Eduardo N.

    ResponderExcluir
  4. Bianca, Breno, Marcia, Priscila e Thais.

    1-Até que ponto apenas um homem ou um pequeno grupo se mantém no poder se não tiver o aval alienado da população?
    R: Até o momento em que o determinado líder/grupo reconheça o ponto prejudicial em que eles podem chegar. Assim, não será possível a estadia do líder em um poder.

    2-Seria possível um regime como o nazista emergir hoje, no Brasil ou em qualquer outro país democrático?
    R: Sim. Qualquer indivíduo que possua princípios pode influenciar pessoas em que demonstrem o mesmo interesses, criando assim uma ditadura dentro de uma sociedade.

    ResponderExcluir
  5. Um grupo não pode se manter no poder por muito tempo sem o apoio de pelo menos uma parte da população sem usar a força, porque quando as pessoas perceberem o que está acontecendo elas tentariam parar o que faria com que tal grupo no poder precisasse da força bruta para manter-se no topo.

    Talvez, se um grupo tivesse apoio da população ou então apelasse para a força para conseguir impor a sua ideologia em cima da democracia.

    Usar apenas a justiça não funciona, porém usar apenas a força, sem razão ou motivo, é injusto.

    Christopher,Letícia e Thaís.

    ResponderExcluir