segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Eleições para o CRBE






Quem sou eu?




Sou mãe de dois filhos adolescentes, tenho 35 anos, sou divorciada e cheguei pela primeira vez ao Japão em Junho de 1994, portanto, há 16 anos atrás.
Como retornei algumas vezes e até pensei que permaneceria no Brasil, não posso dizer que estou esse tempo ininterrupto no país, no entanto, entre idas e vindas, somam-se 12 anos vivendo em Terras Nipônicas.
Vim como a grande maioria, ou boa parte dela: jovem, recém-casada, cheia de sonhos e com o desejo de permanecer pouco tempo, somente para guardar o montante necessário para voltar ao Brasil e ter o mínimo que se idealiza para viver em seu próprio país: a casa própria, o carro e o emprego estável advindo através da tão sonhada e desejada faculdade, posta de lado na vinda.
Entretanto, os anos foram se passando e o retorno ao Brasil, tornou-se longínquo, foi quando então, ingressei em duas faculdades: a de Bacharelado em Teologia e a de Administração de Empresas, uma radicada em Hamamatsu e outra em Nagoya. Pela dificuldade de conciliação entre ambas e o potencial financeiro ineficaz para manutenção das duas, fui obrigada a abrir mão de uma, no caso a Administração, cujo tempo cursado por mim foram apenas 2 semestres.
Sou professora a pouco menos de três anos, quando, ainda cursando o Quarto Ano de Teologia, passei a integrar o quadro docente da Escola Alegria de Saber, sendo educadora na área de Humanidades. Atuando nas disciplinas de Geografia, Sociologia, Filosofia e Ciências Sociais. Atuei também, em paralelo a este período, no Centro Profissionalizante Brasileiro, com alunos de supletivo.
Hoje faço parte da equipe de docentes do Colégio Pitágoras, em Hamamatsu. Sou educadora nas disciplinas de Filosofia e Sociologia ao Ensino Médio e paralelamente atuo também como Professora I, tendo sob meus cuidados uma multisseriada sala com alunos do 3º. Ao 5º. Ano.
Sou cantora de MPB e Bossa e atuo também como professora de canto autodidata na Memorial Escola de Música do conhecido professor Natanael Alencar.
Sou estudante do segundo ano de Pedagogia pela Universidade Federal do Mato Grosso em atuação conjunta com a Universidade Tokai que através de esforços tanto pelo governo brasileiro quanto o governo japonês, concedem esta rica oportunidade de aperfeiçoamento aos servidores da educação no Japão em concluírem a Licenciatura de forma totalmente gratuita.


O que me fez ingressar a lista dos candidatos ao CRBE?

Para se entender o mínimo, necessário se faz que me aprofunde um pouco e tente de modo sucinto, expor meus ideais.
Sempre lidei com pessoas, fui líder eclesial por quase 15 anos, numa vida dedicada ao próximo e ate mesmo, renúncias pessoais. Desde muito jovem, envolvia-me nos debates relacionados aos problemas sociais, na ênfase de ser uma peça, ainda que ínfima, na melhora e bem estar do próximo. Tive a oportunidade de viajar e conhecer em outros locais instituições não governamentais das quais ainda não pude fazer parte, mas com uma íntima certeza, no futuro, fato que constantemente menciono e exponho aos meus colegas.
Sou a geração dos anos 80. Os que viram a queda do Muro de Berlim, viram a promulgação da Nova Constituição Brasileira, presenciaram o Diretas Já, choraram a morte de Tancredo Neves, presenciaram o inverso da história e viram, seus pais, seus avós, num percurso inverso, voltarem ao Japão, desta vez como dekasseguis.
Sou parte da geração que acreditou na mudança, acreditou no novo e hoje vê, seu país, o Brasil, despontando-se como um dos principais atores dentro do cenário econômico mundial e aqui começa a síntese de minha candidatura no CRBE.
Creio que a motriz que faça alguém envolver-se politicamente com os órgãos governamentais em prol da população em geral basicamente se dá por dois motivos_ ou a recompensa material, descarte-se essa primeira, uma vez que tal cargo será ocupado de forma voluntariosa, ou a recompensa em realizar aquilo para o qual tem a certa convicção de que foi incumbido. Se a incumbência veio por ordem divina ou se a mesma está, como diriam algumas pessoas, no sangue, neste exato momento o que importa é entender a mesma. E este é o real motivo que me faz, entendendo a minha pequenez em relação aos demais candidatos, a ousadamente candidatar-me a tão importante cargo.
Estou, digo estou por não ter licenciatura para a mesma, desempenhando a importante função de Educadora em duas áreas extremamente importantes para a formação intelectual e de opinião de crianças brasileiras que são a Sociologia e a Filosofia, disciplinas sabiamente inseridas na grade do Ensino Médio, não mais nos anos finais, mas sim em toda a sua grade curricular. Dentro desse trabalho mútuo, muitos assuntos importantes são debatidos, desde assuntos globalizados atingindo-os num todo bem como pontos importantes que dizem respeito à esta comunidade em especial. Como todo representante da área de Humanas, muitos assuntos são expostos de maneira à tomada de atitudes em relação a estes, seja questionando, seja revolucionando, seja não estando inerte aos acontecimentos, não os aceitando de forma passiva e indiferente. Uma frase constantemente mencionada por mim em minhas aulas é que o mundo e seus principais fatos históricos foram mudados por pessoas que acreditaram na mudança, em seus ideais. Muitas vezes considerados utópicos, mas que acreditando em sua utopia, transformaram o sonho em realidade.
Para mudar hoje, é preciso que alguém os represente, leve suas críticas, leve seus anseios, seja o porta-voz de uma camada tão importante e muitas vezes esquecida dessa nossa sociedade: os jovens!
Não que só esta classe será ouvida, no entanto, há de se convir que estes mesmos fazem parte de uma família e esta família está inserida dentro dessa sociedade que não mais consegue distinguir se ainda é dekassegui ou já se tornou imigrante .Necessário se faz ampará-los e conduzi-los a trilhar caminhos ainda mais excelentes, sendo grandes representantes brasileiros no exterior que desempenham seu precioso papel de cidadãos, dotados de Direitos e sem dúvida nenhuma, Deveres.
É preciso preparar, e bem, a população brasileira que fará parte da mudança econômica mundial. A geração que fará parte das grandes cúpulas e serão os futuros representantes do Brasil nos grupos mundiais de decisão global.


Propostas para o CRBE


Tenho a plena consciência do que o cargo de Conselheiro dentro do MRE pode e não pode realizar em prol da população imigrante brasileira no mundo.
Tal cargo servirá de ponte, elo entre a população emigrante e seu país de origem. Serão através dos conselheiros eleitos que o governo federal colherá informações necessárias, bem como pleitos da população, para que se possa atuar de forma efetiva e eficaz no auxílio aos milhares de brasileiros que se encontram espalhados pelo mundo, não necessariamente somente no Japão. Porém, e necessário ressaltar que o que é proposto é um auxílio e não uma substituição dos órgãos vigentes que atuam como bases governamentais, diga-se Consulados e Embaixadas. Contudo, vale enfatizar a importância das comunidades em elegerem seus representantes. É preciso crer e ter a confiança de que tal esforço por parte do Ministério das Relações Exteriores, na representação do próprio Itamaraty, se dará como intuito de formalização de metas e projetos em prol da comunidade estrangeira temporária ou permanente em seus respectivos países migrantes.

Como parte da educação de crianças, jovens e adultos, o que pleitearei, com certeza, serão as melhorias no que se refere à educação dos mesmos.
Entendo que sem educação não se é possível transpor a lugar algum. Não consigo aqui colocar em palavras meus sentimentos quando é sabido de um jovem que necessita deixar seus estudos para então embrenhar-se numa fábrica, pela falta de condições de seus pais em o manterem na escola. A falta de objetivos e perspectivas futuras tem feito de nossos jovens reflexos de décadas anteriores, sendo a exceção aqueles que prosseguem em seus estudos. É preciso salientar que a falta de um órgão responsável por esta tão importante área social dentro da comunidade exterior, tem deixado crianças desacreditadas no que a educação pode proporcionar-lhes. É preciso reverter esse quadro, dando melhores oportunidades de qualificação, de adquirirem o conhecimento necessário para que então sejam repatriados, aqueles que desejam retornar ao Brasil, e tenham local garantido dentro do mercado de trabalho.
Como certa feita mencionou o próprio Ministro Celso Amorim: Para mudar é preciso dois pontos importantes, infra-estrutura e educação. A primeira vimos construindo-se ao longo da História Brasileira de luta e sacrifícios. A segunda, ainda nos falta e como, infelizmente ainda nos falta!
Por esta razão esse pedido, de que você querido amigo, junto à minha candidatura, acredite e sonhe comigo que é possível se fazer algo concreto para as gerações futuras!

Grande abraço,
Professora Sandra.


“Devemos nos convencer de que o objetivo final da educação não é aperfeiçoar as noções escolares, mas sim o de preparar para a vida...”
Johann H. Pestalozzi