terça-feira, 29 de junho de 2010

E falando em Autocracia...

Bem, continuando nosso debate sócio-filosófico...

Já que estamos falando em autocracia, jamais poderia deixar de mencionar os tempos vividos na decada de 60 em nosso Brasil.
A história da estilista brasileira Zuzu Angel, é apenas (digo não menosprezando, pelo contrário)uma das muitas que sabemos deste período obscuro de nossa história. Vimos no filme, que a mãe, a princípio distante da luta que o filho Stuart engajara-se, viu-se, após sua morte, numa luta desenfreada e assustadora que culminou com sua própria morte no ano de 1976, seis anos após a morte do filho.

Como procurei salientar, o objetivo é uma reflexão única:

Após tantos anos de lutas e mortes por um país democrático e a participação ativa do povo no poder, o que houve com os ideais pelos quais nossos antepassados lutavam?
Conquistou-se a tão almejada democracia, mas...e então, o que estamos fazendo com ela?


Constantemente o povo brasileiro é chamado de Povo sem Memória, e sabem por qual motivo? Simplesmente porque desconhecem a história, passam despercebidos por ela e jogam fora tudo o que muitas pessoas, por um ideal num todo, deram a vida para conquistar. O ser alienado não só compromete nossa sociedade, mas a família, o ser individual e implica em grandes problemas para todos.
Eximir-se da política é virar as costas para o curso da história, é apagar o passado e deixar de cumprir o seu papel de cidadão e agente modificador do mundo em que vivemos.

Em Outubro de 2010, teremos eleições, e quem são os presidenciáveis? De que partido vieram? Quais são seus ideiais políticos? Que mudanças poderão acontecer se qualquer um desses subir ao poder?
E o que eu tenho a ver com isso professora? Eu te digo com todas as letras:

Tudo! E mais um pouco...

Pensando em sua interação ao assunto, sugiro um trabalhinho que envolva as pessoas à sua volta e atinja assim uma reflexão, digamos, um pouquinho mais abrangente.

Escolha um dos 11 presidenciáveis:
(Clique no título para mais informações)

1) Dilma Roussef (PT)
2) José Serra (PSDB)
3) Marina Silva (PV)
4) Plinio Arruda Sampaio (PSOL)
5) José Maria Eymael (PSDC)
6) Zé Maria (PSTU)
7) Levy Fidelix (PRTB)
8) Rui Costa Pimenta (PCO)
9) Oscar Silva (PHS)
10) Américo de Souza (PSL)
11) Ivan Martins Pinheiro (PCB)

Forme um grupo de séries diferentes, de no máximo 5 pessoas.
E faça uma completa varredura na vida política de seu candidato, atendendo para os seguintes quesitos:

- a ligação com o atual partido,
- o motivo de sua saída de partidos anteriores (se houver),
- os degraus de sua carreira política,(quais cargos já exerceu dentro da política)
- sua formação acadêmica, bem como suas possíveis influências,
- sua possível participação na luta pela democracia no Brasil,
- e claro, seus ideiais políticos, suas promessas, o slogan de sua campanha.
- e outros itens importantes que julgar necessário expor.

Com sua pesquisa em mãos, vá para as ruas e seja cabo eleitoral: mostre as pessoas por qual razão, ele, seu candidato, merece o voto das pessoas, explique, divulgue suas causas, suas lutas e converse com pelo menos, 20 pessoas. E veja, ou melhor ouça, o que elas dirão de seu candidato. Se tiverem fatos positivos, ostentem ainda mais e se houver negativos? Como tentarão convencê-los a mudar de opinião? Anotem tudo, façam um relatório para divulgar na apresentação.

Não se esqueçam, vistam a camisa e façam um excelente trabalho!

Grande abraço!

See u...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Onda

"A Onda" é uma metáfora que se aplica, mais ou menos, a qualquer movimento de massa respondente aos apelos de um líder carismático ou de uma causa mítica irracional!



"Nunca faria isso de novo, coloquei os alunos em perigo"

Até que ponto apenas um homem ou um pequeno grupo se mantém no poder se não tiver o aval alienado da população?



Seria possível um regime como o nazista emergir hoje, no Brasil ou em qualquer outro país democrático?


Para provar que sim, um jovem professor americano usou como cobaia um grupo de adolescentes, em um experimento que quase acabou em tragédia, nos anos 60 -e é repetido no filme "A Onda", que transporta o projeto para a Alemanha atual.
O original aconteceu em Palo Alto, Califórnia, 1967. Em uma aula de história, um estudante questionou a responsabilidade do povo alemão pelas ações do Terceiro Reich. O professor fez uma pequena simulação para que os estudantes entendessem o que é ter que seguir as instruções de um líder.
No início, ensinou postura, respiração correta, respeito. No dia seguinte, somou-se à disciplina a noção de grupo.
O mestre deu à classe um nome -A Terceira Onda. Mais tarde, um slogan, uma saudação, um cartão de "sócio" e até uma "polícia" de estudantes para vigiar as ações uns dos outros. Chegou a fazê-los acreditar que A Onda extrapolava a sala de aula, era um movimento que iria dominar o país.
"Para mim, como professor, era muito gratificante ver a maior parte dos alunos se envolvendo, tomando as rédeas. Eles saíam para entregar panfletos, agregar nomes. E aí isso explodiu", conta Ron Jones, 68, à Folha, por telefone.
Em cinco dias, o número de membros na classe dobrou -de 25 para 50. Fora de lá, o movimento chegou a reunir mais de 300 adolescentes, segundo Jones, e a silenciar vozes dissidentes, à força.
"Uma criança perdeu a mão construindo explosivos. Era uma criança perdida, perigosa." Foi aí que o professor percebeu que havia ido longe demais. Para decepção geral, fez um discurso no qual revelou a farsa e apelou por bom senso.

O filme
Quarenta anos depois, Ron Jones cedeu os direitos de sua história, que já havia virado livro e média-metragem para TV (1981), a Dennis Gansel, 35. Muitos quiseram fazer a adaptação para cinema antes, diz Jones. A diferença é que Gansel prometeu transportar a história para a Alemanha atual.
Foi o que fez. Diante de alunos que não aguentam mais ouvir falar de Hitler, o professor de "A Onda", interpretado pelo carismático Jürgen Vogel, retoma o projeto com fidelidade.
Pequenas alterações atualizaram o conto. Além dos panfletos, o grupo agora tem uma página no MySpace. O professor, que vivia em "uma casa na árvore e fumava maconha", mora em um barco e é fã dos Ramones. O desfecho da história, ainda mais violento que o original, também foi uma tentativa de acompanhar os novos tempos, diz o diretor, neto de um soldado de Hitler e filho de militantes de esquerda.
Para Ron Jones, "o filme é muito fiel, capturou a dinâmica da sala, a relação dele com a mulher, que passa por uma crise [o casamento dura até hoje, diga-se], e a maneira como os estudantes interagiam". "[A Terceira Onda] Era algo que se expandia muito rapidamente. Era como estar em meio a uma explosão de energia."
Dois anos depois da "explosão", o americano foi demitido e proibido de lecionar em escolas públicas. Hoje, ensina poesia a deficientes mentais, escreve e ministra palestras.
"Nunca faria isso de novo. Coloquei os alunos em perigo. Esse tipo de experimento é útil para mostrar quão facilmente nos tornamos vítimas desse tipo de coisa."

Cristina Fibe, Folha